‘Vazamentos seletivos’, diz defesa de Bolsonaro sobre delação de Mauro Cid

Primeiro depoimento do ex-ajudante de ordens do ex-presidente fala em estratégias adotadas pelo grupo após a derrota nas eleições

A defesa de Jair Bolsonaro criticou o vazamento, neste domingo (26), do primeiro depoimento da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, e falou em “indignação diante de novos vazamentos seletivos”. À PF (Polícia Federal), o tenente-coronel contou como aliados do ex-chefe do Executivo teriam divergido sobre a melhor estratégia para ser adotada após a derrota nas eleições de 2022.

“A defesa do presidente Bolsonaro, tendo tomado conhecimento da divulgação de trechos da colaboração premiada do Ten Cel Art Mauro Cid, manifesta sua indignação diante de novos “vazamentos seletivos”, assim como seu inconformismo diante do fato de que, enquanto lhe é sonegado acesso legal à integralidade da referida colaboração, seu conteúdo, por outro lado, veio e continua sendo repetidamente publicizado em veículos de comunicação, tornando o sigilo uma imposição apenas às defesas dos investigados, evidentemente prejudicadas em seu direito a ampla defesa”, afirma em nota.

Os advogados Paulo Cunha Bueno, Daniel Tesser e Celso Sanchez Vilardi falam ainda em investigações “semisecretas”. “Em que às defesas é dado acesso seletivo de informações, impedindo o contexto total dos elementos de prova —, são incompatíveis com o Estado Democrático de Direito, que nosso ordenamento busca preservar”, completam.

A delação premiada de Cid ocorreu em agosto de 2023 e em 2024. No primeiro depoimento, o ex-ajudante de ordens contou sobre o contexto do grupo de Bolsonaro após a derrota nas eleições para Luiz Inácio Lula da Silva. A delação do tenente-coronel do Exército aborda as divisões internas no núcleo duro de apoio ao ex-presidente.

Como ajudante de ordens da presidência, o tenente prestava assistência direta a Bolsonaro e acompanhava o presidente em compromissos oficiais e reuniões. Ele crava no depoimento que o ex-presidente trabalhava com duas hipóteses. “A primeira seria encontrar uma fraude nas eleições e a outra, por meio do grupo radical, encontrar uma forma de convencer as Forças Armadas a aderir a um Golpe de Estado”, declarou à PF.

Vamos falar agora do suposto plano para matar o presidente Lula, o vice-presidente-geral do Alckmin e o ministro do Supremo Alexandre de Moraes.

Segundo Cid, uma ala “conservadora” defendia que Bolsonaro mandasse para casa os manifestantes bolsonaristas que acampavam próximo aos quartéis do Exército e se consolidasse como um líder de oposição. Era um grupo “de linha bem política”, conforme descrito pelo tenente-coronel. “Diziam que o povo só queria um direcionamento.”

O segundo grupo seria o dos “moderados”, que segundo Cid eram “totalmente contra” um golpe armado e temiam que aliados radicais de Bolsonaro levassem o então presidente a assinar uma “doideira”. Havia ainda um outro grupo “moderado”. Eram aliados que defendiam que Bolsonaro deixasse o Brasil. Por fim, Cid apontou o último grupo, o dos “radicais”. O tenente-coronel afirma que havia uma divisão interna. Parte dos radicais queria achar uma fraude nas urnas. A outra parte “era a favor de um braço armado”.

Fonte: R7 Brasília

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