Relembre em 7 pontos o caso Marielle; réus começam a ser julgados

Os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz participam da sessão de forma virtual

Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, dois dos acusados pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, enfrentam júri popular a partir da manhã desta quarta-feira (30), no Rio de Janeiro.

O Ministério Público do estado vai buscar a pena máxima para os executores, de 84 anos.

As defesas dos ex-miliatres acreditam num julgamento rápido dos réus confessos.

Veja a seguir a cronologia dos fatos, desde o dia do crime até a investigação que resultou no julgamento dos acusados.

  1. O crime
  2. Prisão de executores
  3. Morte de investigado
  4. Condenação de envolvidos e investigação conturbada
  5. Definição de júri popular
  6. Novo preso e federalização da investigação
  7. Prisão dos supostos mandantes 

Caso Marielle em 7 pontos

1) 2018 – o crime:

Investigadores concluíram o inquérito afirmando que a ação que culminou no assassinato da vereadora e do motorista foi iniciada no dia 14 de março de 2018, ao meio-dia, quando Ronnie Lessa convidou Élcio para sua casa, no condomínio Vivendas da Barra.

No local, Élcio observou a movimentação de Ronnie com uma bolsa preta. Ambos entraram no carro Chevrolet Cobalt prata e seguiram caminho para o bairro da Lapa, onde a vereadora participava de um evento com o nome “Mulheres negras movendo estruturas”.

Ao chegar no local do evento, Ronnie Lessa passou para o banco de trás e preparou a submetralhadora HK MP5.

Ronnie e Élcio aguardaram a saída da vereadora, que estava acompanhada do motorista Anderson Gomes. Ambos os carros se deslocaram saindo da região.

Os dois acusados seguiram o carro da vereadora até um determinado ponto do bairro, emparelhando os veículos, quando Ronnie Lessa efetuou 13 disparos contra o carro de Marielle.

Por volta das 21h, Marielle foi alvejada com quatro tiros na cabeça e Anderson, por três. Os dois morreram no local. Uma terceira pessoa, Fernanda Chaves, assessora de Marielle, não foi atingida, mas se feriu com os estilhaços.

Após cometerem o crime, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz fugiram pelo acesso à Avenida Brasil, rumo ao Méier, usando a Linha Amarela como rota de conexão.

No bairro da zona norte, encontraram-se com o irmão de Ronnie, Denis, e entregaram equipamentos e a arma do crime.

Logo depois, o irmão de Ronnie chamou um táxi para os criminosos, que se deslocaram para a casa de Ronnie Lessa, onde religaram seus celulares e se deslocaram para um bar na Barra da Tijuca.

2) 2019 – prisão dos executores:

Em março de 2019, o sargento reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Queiroz foram presos, suspeitos da execução do crime. Segundo o inquérito policial, Lessa fez os disparos e Queiroz conduziu o carro onde estavam os assassinos.

No dia das prisões, a polícia encontrou 117 fuzis que Lessa escondia na casa de um amigo. Além do armamento, mais 500 munições, três silenciadores e R$ 112 mil em dinheiro foram apreendidos.

Lessa morava em um condomínio na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, local onde as armas foram encontradas.

O outro suspeito, Élcio Queiroz, foi expulso da corporação em 2016, acusado de trabalhar ilegalmente como segurança de casas de jogos de azar, em paralelo à atuação como policial.

3) 2020 – morte de investigado:

O ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Adriano Nóbrega, foi morto em 9 de março de 2020, no município de Esplanada, na Bahia.

Nóbrega era investigado por diversos homicídios e era um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro. Ele também era investigado por envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Meses depois, O titular da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, delegado Daniel Rosa, descartou o envolvimento do grupo liderado por Nóbrega, conhecido como “Escritório do Crime”, no caso.

As investigações apontam que o grupo miliciano é responsável pela execução de Marcelo Diotti da Mata no estacionamento de um restaurante da zona oeste carioca, na mesma noite do atentado contra Marielle Franco.

O crime teria sido encomendado por Adriano da Nóbrega. Diotti já havia sido preso por homicídio e exploração de máquinas de caça-níqueis, e era visto como desafeto pelos executores.

4) 2021 – condenação de envolvidos e investigação conturbada

Em julho de 2021, Ronnie Lessa e outras quatro pessoas foram condenadas por destruição de provas do caso Marielle. Entre eles, estavam a esposa e o cunhado do ex-PM, Elaine Lessa e Bruno Figueiredo.

Lessa, suspeito de ter cometido os homicídios, foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão por ocultar armas que estariam envolvidas nos crimes, enquanto os outros quatro foram condenados a quatro anos de reclusão por terem retirado as armas de Lessa do apartamento.

Segundo a polícia, as armas foram jogadas no mar da Barra da Tijuca, também no Rio de Janeiro.

O ex-militar permanece preso desde 2019. Os outros quatro condenados tiveram as penas de prisão convertidas em prestação de serviços.

No mesmo mês, as promotoras Simone Sibílio e Letícia Emile pediram para deixar a força-tarefa do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) que investigava os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

A coordenadora da investigação Simone Sibilio e a promotora assistente Letícia Emile saíram por receio e insatisfação com “interferências externas”. As duas estavam à frente do caso desde setembro de 2018.

Ainda em julho de 2021, o MPRJ denunciou à Justiça o delegado da Polícia Civil Maurício Demétrio por vazamento ilegal de informação sigilosa referente à investigação do caso Marielle.

Uma possível interferência externa e o vazamento de documento que, segundo o MP, era sigiloso, teria sido um dos motivos que fizeram com que as promotoras Simone Sibilio e Letícia Emile deixassem a força-tarefa.

Em resposta, a Polícia Civil negou que o documento repassado fosse sigiloso, e afirmou que não houve interferência externa na investigação.

5) 2022 – definição de júri popular

Em agosto de 2022, por unanimidade, o plenário virtual da primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve decisão da então ministra Rosa Weber que rejeitou um recurso da defesa de Ronnie Lessa para que o acusado de assassinar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes não fosse levado a júri popular.

O Ministério Público Federal (MPF) defendeu que Lessa enfrentasse o júri popular.

O parecer, que foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), argumentava para que Lessa respondesse por “homicídio qualificado por motivo torpe, mediante emboscada, com uso de meio que dificultou a defesa da vítima e para assegurar a impunidade do crime”.

6) 2023 – novo preso e federalização da investigação

Em julho de 2023, a Polícia Federal prendeu o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, suspeito de participação nos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Maxwell já havia sido preso em junho de 2020 em uma operação que investigava o crime e cumpria prisão domiciliar. Ele teria ajudado a esconder armas de Ronnie Lessa, apontado como executor da vereadora e do motorista. Entre as armas, estaria a utilizada nos homicídios.

A PF descobriu que Maxwell fazia “campana” seguindo os passos de Marielle. Ele ainda teria levado o carro utilizado na noite do crime para um desmanche.

Suel foi preso na chamada Operação Élpis, que representou a primeira fase da investigação da PF sobre os homicídios da vereadora Marielle e do motorista Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves.

Em 2023, o caso foi dividido em dois eixos. Uma parte segue no Rio de Janeiro, mas outra foi enviada para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde há uma investigação separada e federalizada.

No Rio, a força-tarefa composta por Polícia Federal e Ministério Público do Estado continua a conduzir o caso na apuração dos executores do crime, como Lessa, Queizo e Suel.

Uma nova menção ao conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, como possível mandante da morte da vereadora Marielle Franco, levou a investigação do caso para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

7) 2024 – prisão dos supostos mandantes

A Polícia Federal prendeu, em março, três suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Os presos são Domingos Brazão, então conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Chiquinho Brazão, então deputado federal do Rio de Janeiro, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio.

No dia das prisões, O ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ricardo Lewandowski, afirmou que o motivo da execução está relacionado à atuação da milícia na disputa por terras no Rio de Janeiro.

Neste mês, cinco acusados de planejar a morte de Marielle foram ouvidos pelo STF. Entre eles, os presos na operação de março.

Domingos Brazão disse que não tem envolvimento com os homicídios. Ele falou que não conhecia a vereadora e que nunca viu o ex-policial Ronnie Lessa.

O deputado federal Chiquinho Brazão negou envolvimento com Ronnie Lessa.

O político foi apontado por Ronnie Lessa em delação premiada como um dos mandantes do assassinato de Marielle.

À Polícia Federal, Lessa disse que Chiquinho e o irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, teriam oferecido a ele US$ 10 milhões em troca da morte da vereadora.

Rivaldo Barbosa também negou as acusações contra ele. “Eu não mato uma formiga. Vou matar uma pessoa?”, disse em depoimento.

Fonte: CNN Brasil

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