Megaoperação na Europa investiga suposta corrupção na compra de armas pelo Brasil

Dezenas de agentes cumpriram mandados em escritórios da fabricante de armamentos Thales na França, Holanda e Espanha

Uma megaoperação, que mobilizou 65 policiais e 12 procuradores, especializados em crimes financeiros, cumpriu de quarta (26) a sexta-feira (28) mandados de busca e apreensão em escritórios da fabricante francesa de armamentos Thales na França, Holanda e Espanha. Uma fonte confirmou neste sábado (29) à emissora de televisão francesa BFMTV, afiliada da CNN,​ que as buscas foram feitas na semana passada “no âmbito de duas investigações preliminares”.

A ação foi coordenada pela Agência de Cooperação Criminal da União Europeia (Eurojust).

O foco das investigações é a corrupção de funcionários brasileiros, ainda não identificados, na aquisição de equipamentos da Thales.

A investigação está dividida em duas fases. A primeira, já conhecida, foi aberta no final de 2016, e envolve os crimes de corrupção de funcionário público estrangeiro, corrupção privada, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, na venda de submarinos e construção da base naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro.

A segunda fase, só agora revelada, foi aberta em junho de 2023, segundo fonte judicial ouvida pela afiliada francesa da CNN.

De acordo com Roberto Caiafa, correspondente no Brasil do Infodefensa, portal espanhol de notícias de defesa, já havia denúncias em relação ao programa de submarino brasileiro Prosub. Ainda segundo ele, as novas suspeitas recaem sobre o fornecimento ao Brasil de radares fabricados pela Thales na cidade de Hengelo, na Holanda.

Além disso, o presidente Lula, no seu segundo mandato, decidiu comprar equipamentos fabricados pela Thales em parceria com a italiana Alenia Space para a construção, em Cannes, na França, do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas 1 (SGDC-1).

O jornal francês Le Figaro publicou que, durante a visita oficial ao Rio de Janeiro em 2008, o então presidente francês Nicolas Sarkozy assinou com Lula contrato para a venda de quatro submarinos de propulsão convencional do tipo Scorpène, por um valor estimado na época em 5,2 bilhões de euros. Esses submarinos deveriam integrar componentes da Thales. Três deles já foram entregues.

Uma segunda parte da parceria visava a construção da base naval de submarinos em Itaguaí, inaugurada em 2018.

Os 65 investigadores envolvidos na megaoperação da semana passada pertencem ao Escritório Central de Luta contra a Corrupção e Infrações Financeiras e Fiscais (OCLCIFF, na sigla em francês). Os 12 procuradores são do Ministério Público Nacional Financeiro (PNF), com a colaboração das autoridades judiciárias holandesas e espanholas, e a coordenação da Agência de Cooperação Criminal da União Europeia (Eurojust).

A Thales confirmou à BFMTV a realização das buscas e apreensões e declarou que está cooperando com as autoridades. “A Thales enfatiza que cumpre rigorosamente as regulamentações nacionais e internacionais”, afirmou a empresa em nota ao portal Infodefensa. “A empresa desenvolveu e implementou um programa global de compliance pelo qual se rege e que atende aos mais altos padrões industriais.”

A CNN procurou o Ministério da Defesa brasileiro para comentar o caso e aguarda resposta.

Fonte: CNN

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