Mulher que cortou rosto de estudante em ônibus na Bahia é presa em São Paulo
A jovem precisou levar 18 pontos no rosto. Crédito: Reprodução
A mulher de 46 anos, suspeita de esfaquear a estudante de enfermagem Stefani Firmo, de 23 anos, dentro de um ônibus na Bahia, foi presa em São Paulo na tarde de domingo (12). Segundo a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP-SP), a mulher foi capturada em cumprimento a um mandado de prisão preventiva expedido pelo Estado da Bahia.
O caso aconteceu no dia 29 de novembro de 2022 e a jovem precisou levar 18 pontos no rosto. Stefani foi esfaqueada enquanto dormia em uma viagem de ônibus entre Recife e Salvador.
Ainda de acordo com a SSP-SP, a prisão foi realizada por volta das 12h, na Rua Comendador Nestor Pereira, no bairro Canindé, zona norte de São Paulo.
Guardas civis metropolitanos foram informados que a mulher estaria hospedada no local. No endereço indicado, eles encontraram a autora e cumpriram mandado. O caso foi registrado como captura de procurado pelo 8º Distrito Policial (Brás).
Relembre o caso
A estudante de enfermagem Stefani Firmo, 23, foi esfaqueada no rosto enquanto dormia em uma viagem de ônibus entre Recife e Salvador, no dia 29 de novembro de 2022. Ela estava voltando da capital pernambucana, onde tinha ido realizar uma prova de residência em Enfermagem, acompanhada de uma amiga, quando sofreu o ataque. Por volta das 5h da manhã, Stefani acordou com o rosto sangrando e entrou em alerta.
“Na hora, eu fiquei sem entender. Primeiro eu pensei que fosse um objeto de cima do ônibus que tinha caído, alguma bagagem, não sei. Mas eu verifiquei que nem bagagem tinha em cima e a primeira reação foi pedir ajuda”, contou ao CORREIO na época.
O ônibus da empresa Expresso Guanabara, que realizava o trajeto, passava pelo município do Conde no momento do ocorrido. Stefani havia embarcado às 18h15 do sábado (28) e tinha pretensão de chegar em Salvador às 7h40. Da capital baiana, o plano era seguir até Itabuna, onde mora, mas a chegada precisou ser adiada depois do que aconteceu.
A jovem conta que essa era apenas a sua quarta viagem de ônibus na vida. Na primeira vez, indo de Salvador para Belo Horizonte, ela ficou tensa e compartilhou diversas vezes sua localização com a mãe. Depois de passar pela experiência outas vezes, a estudante afirmou ter ficado mais tranquila quando embarcou em Recife rumo a Salvador. “À noite, inclusive, era a viagem que eu preferia fazer, porque eu pensava ‘é melhor porque eu durmo, acordo e estou no destino’”, relatou.
Tudo estava seguindo como o imaginado, mas às 4h30 Stefani despertou e decidiu ir até a poltrona que sua amiga estava. Ela pediu um remédio para dor de garganta e retornou para sua poltrona. Enquanto se acomodava, a jovem afirma ter sentido um leve puxão no seu cabelo, vindo da direção da poltrona atrás da sua.
“Eu coloquei o cabelo para o lado, peguei a coberta e me cobri até o pescoço, que é o jeito que eu durmo. E dormi com os óculos. Foi o que me protegeu”, diz ela.
Cerca de meia hora depois, Stefani acordou sentindo uma batida e um peso no rosto. Assim que percebeu que sangrava, pediu ajuda a amiga, que dormia, assim como todos os demais passageiros. A única exceção, segundo a vítima, era a mulher na poltrona atrás da sua, que estava acordada e ficou impassível diante da movimentação.
“Ela olhou para mim, me viu sangrando, mas foi totalmente fria, apática, não esboçava nenhuma reação. Olhou para mim, virou o rosto e seguiu”, relembra. De acordo com Stefani, a primeira vez que viu a mulher foi no momento do embarque. Quando todos os passageiros se mobilizaram para chamar a atenção do motorista, a falta de reação da mulher fez com que a estudante e sua amiga a vissem como suspeita. “Minha amiga foi lá perguntar se ela tinha visto se alguma coisa tinha caído em cima de mim e ela simplesmente disse que nem sabia o que estava acontecendo”.
A jovem precisou levar 18 pontos no rosto. À época, Stefani procurou um dermatologista para minimizar a cicatriz, embora acreditasse que as marcas do trauma não seriam esquecidas tão cedo. “A sensação maior é de que a suspeita poderia estar fazendo isso para me matar. O intuito foi para ser até o pescoço, mas não conseguiu por conta do edredom. Foi livramento”, resumiu.
A jovem ainda contou que não pretendia mais andar de ônibus em razão do sentimento de insegurança.
Conforme a Polícia Civil, uma faca foi localizada com uma passageira, mas, segundo Stefani, ainda foi visto no ônibus que a suspeita carregava um alicate e uma tesoura.
“Fica um alerta para a rodoviária se preocupar com a questão da segurança a partir de um detector de metais, de uma rigorosidade para que o passageiro possa embarcar com maior segurança”, finaliza.
De acordo com a Expresso Guanabara, empresa da linha de ônibus que fazia o trajeto entre Recife e Salvador, as imagens da câmera do ônibus foram enviadas à Polícia Civil da Bahia, conforme pedido da autoridade policial para dar continuidade à apuração dos fatos.
A Polícia Civil comunicou que a Delegacia de Proteção ao Turista de Conde estava com as imagens do circuito interno de segurança do ônibus interestadual para auxiliar na identificação da autoria. Alguns passageiros foram ouvidos na unidade especializada.
Suspeita retornou à rodoviária
Seis dias após o ataque à estudante, uma mulher afirma ter visto a suspeita de crime vagando pela rodoviária. A testemunha Luzinete da Silva contou que quando retornou ao terminal para comprar uma passagem de volta para Recife, no dia 5 de dezembro, viu a mulher novamente.
A vendedora de roupas contou que se escondeu e tirou uma foto da suspeita. Ela se preocupa que a suspeita, que não foi detida, possa cometer outro ataque a outra pessoa em ônibus da rodoviária.
“Quando eu vi que era ela, fui atrás e disfarcei para conseguir tirar uma foto dela. Cheguei a entrar na loja em que ela estava, mas, quando ela percebeu que eu tirava foto, começou a me xingar. Disse até que eu pisei no pé dela e não tinha pedido desculpas, mas nem cheguei perto a ponto de pisar nela”, contou ao jornal O Globo.
Luzinete foi uma das pessoas que ajudou a estudante no momento em que percebeu que estava com o rosto cortado. A vendedora afirmou que já tinha desconfiado do comportamento da suspeita durante a viagem entre Salvador e Recife, principalmente após a vítima começar a chorar e ela ter agido com frieza na situação.
A testemunha ainda contou que desconfia que ela esteja vivendo em rodoviárias e realizando crimes em vários locais. “Ela está tomando banho, comendo e dormindo na rodoviária. Parece que está fazendo turismo, vai para um lugar, apronta, e depois vai para outro. Ela comprou uma bolsa nova, então ela tem dinheiro. No terminal, durante o tempo que segui ela, vi que estava perambulando, e quando se cansava, ela se sentava por lá”, explicou.
Fonte: Correio