Prisão de passageiro que tinha Nova Soure-BA como destino, deu origem à operação contra o maior contrabandista de armas da América do Sul

Homem foi preso com dois fuzis e 23 pistolas, em novembro de 2020, em Vitória da Conquista. A partir daí, a PF identificou fabricante, importador e a logística do tráfico internacional de armas até chegar ao crime organizado brasileiro.

A prisão de um homem com dois fuzis e 23 pistolas, em novembro de 2020, dentro de um ônibus, na BR-116, em trecho de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, originou a operação que a Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (5) contra um grupo suspeito de entregar 43 mil armas para os chefes das maiores facções do país.

O homem, que não teve a identidade revelada, também transportava carregadores na mala. Na época, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que o ônibus tinha partido de São Paulo e tinha Serrinha, cidade a cerca de 180 quilômetros de Salvador, como destino final.

O homem embarcou na cidade de Vitória da Conquista com destino a Nova Soure, a cerca de 263 km da capital baiana. A PF chegou a dizer que o suspeito tinha sido preso com seis fuzis, mas depois corrigiu o dado e explicou que ele estava apenas com dois.

As armas estavam com o número de série raspado, mas, por meio de perícia, a PF conseguiu obter as informações e avançar na investigação.

A partir daí, a PF da Bahia fez todo caminho inverso, identificando fabricante, importador e a logística do tráfico internacional de armas até chegar ao crime organizado brasileiro.

Ao longo de três anos de investigações, a PF desvendou um poderoso esquema de tráfico de armas que passava por uma empresa paraguaia chamada IAS.

O dono da empresa, o argentino Diego Hernan Dirísio, que mora no Paraguai, comprava milhares de pistolas, fuzis, rifles, metralhadoras e munições de vários fabricantes europeus (Croácia, Turquia, República Tcheca, Eslovênia). Ele é considerado o maior contrabandista de armas da América do Sul.

Por meio de um esquema que envolvia doleiros e empresas de fachada no Paraguai e em Miami, Estados Unidos, a empresa IAS revendia os arsenais para as maiores facções brasileiras, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo.

Grupo movimentou R$ 1,2 bilhão

Segundo a Polícia Federal, o grupo comandado por Diego Hernan Dirísio movimentou R$ 1,2 bilhão ao fornecer pistolas, fuzis, rifles, metralhadoras e munições de fabricantes de países como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia para o Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV).

As investigações indicam ainda que havia corrupção e tráfico de influência na Direccion de Material Belico (DIMABEL), órgão paraguaio responsável por controlar, fiscalizar e liberar o uso de armas, facilitando o funcionamento do esquema.

A operação é conduzida pela Polícia Federal da Bahia. A Justiça Federal expediu 25 mandados de prisão preventiva, seis ordens prisão temporária e 53 mandados de busca e apreensão em três países: Brasil, Paraguai e Estados Unidos.

A Justiça da Bahia, que conduz a operação, determinou que os alvos de prisão que estiverem no exterior sejam incluídos na lista vermelha da Interpol e que, se forem presos, sejam extraditados para o Brasil.

Até a última atualização desta reportagem:

  • 5 envolvidos no crime foram presos no Brasil;
  • 11 no Paraguai.

Fonte: G1

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